terça-feira, 14 de abril de 2009

Temas Locais

No desenvolvimento dos TEMAS LOCAIS, já trabalhamos com Violência (de maneira geral, na escola, no esporte e no que o cerca) e com o bullying (violência escolar). Então vamos abordar o conteúdo das lutas, como forma de potencializar a interação, criando um novo espaço e trazendo questões disciplinares, de autocontrole, respeito, caráter, autodefesa e prática esportiva.



AS LUTAS COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:


- Lutas: instrumento pedagógico ao alcance do professor
Ainda que o professor não possua uma formação ampla sobre o assunto, é possível trabalhar dentro da realidade de estrutura física da escolar, e da sua formação profissional.
- Escolha da luta
Os PCN’s não determinam qual modalidade de luta é a melhor ou a mais indicada para as aulas de educação física. Fica o professor responsável por decidir a escolha da modalidade de luta que será ensinada. E, se o professor, ao chegar neste ponto, não tenha compreendido o significado das lutas, enquanto componente da Educação Física Escolar, talvez não compreenda se será necessário escolher uma, duas ou três modalidades de luta. E quais deverão ser escolhidas: as mais conhecidas na cidade e na região? Ou somente as modalidades olímpicas?
- Além do treinamento técnico-competitivo
As lutas e artes marciais, ainda que popularmente difundidas como “esportes de luta”, podem, no contexto escolar, serem desenvolvidas com um caráter competitivo, ou não. Todas as práticas da cultura corporal de movimento, competitivos ou não, são positivas, pois são contextos favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente, a possibilidade de repetição para manutenção e prazer funcional e a oportunidade de ter diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo fato de constituírem momentos de interação social bastante significativos, as questões de sociabilidade constituem motivação suficiente para que o interesse pela atividade seja mantido.
- Elaboração do currículo escolar
Seria pretensão sugerir um modelo de currículo escolar para que fosse aplicado nas aulas de Educação Física. No entanto, é importante ressaltar que a unidade menor da dinâmica de ensino, a “aula”, sempre deveria preceder um planejamento curricular bem elaborado, de forma que não se desenvolvam “soltas”, com objetivos momentâneos, mas participando de um processo contínuo de construção do saber.
- Alternativas pedagógicas
O professor que desejar desenvolver algo mais que uma iniciação a uma modalidade de luta, terá de buscar nos outros ramos da própria Educação Física Escolar, conceitos e estruturas que ajudarão a construir uma aula com uma plástica diferente, mais atrativa.
Filmes nas aulas de lutas
A imagem é um dos mais importantes meios de comunicação e contribui para alteração nas formas de pensamento e de expressão das pessoas. Na matéria “Filme na aula de História: diversão ou hora de aprender”, publicada na revista “Escola on-line”, edição 182, de Maio de 2005, se afirma que “o cinema aproxima os alunos de situações, pessoas, cenários e sons do passado e do presente. Mas é preciso saber explorar esse importante recurso pedagógico para que a aula não seja simplesmente uma sessão pipoca e caia no vazio”.
O cinema pode ser usado pelo professor tanto para iniciar um assunto ainda não abordado, como para desenvolver o conteúdo. “Nenhuma imagem fala por si só. Para que ela seja realmente útil na aprendizagem, é essencial a intervenção do professor”.
- Relacionamento Social
Analisando a atividade somente nesse momento, certamente as lutas classificam-se como unicamente de interação com o adversário. No entanto, se considerarmos uma aula inteira de educação física e não somente o “momento da disputa”, as lutas, podem ser também atividades com relações dos alunos com o meio e relações motrizes entre si, ou cooperação.
As diferentes interações não devem ser consideradas somente no momento dos combates. O professor pode agregar também às outras fases do trabalho oportunidades para os alunos exercitarem a solidariedade e a tomada de decisão. É importante que se observe os seguintes comportamentos nos alunos:
Respeito ao próximo;
Humildade;
Sinceridade;
Auxílio aos iniciantes e paciência com os mais novos;
Atitudes com o relacionamento com os alunos mais tímidos;
Participar das atividades respeitando as regras;
Assumir os seus atos e não acusar os colegas, a não ser em casos de extrema importância;
Eficiência nos estudos.
- A avaliação
A divisão das técnicas ensinadas em partes distintas, facilita para organizar a mensuração e avaliação
- Interdisciplinaridade
As lutas podem ser consideradas atividades de grande potencial interdisciplinar, constituindo-se em instrumentos de pesquisa de conteúdos de diversas outras disciplinas.
Já são comuns sugestões para a Educação Física, de formas de trabalho interdisciplinar com outras disciplinas. Seguindo esse pensamento, algumas possibilidades também se aplicam às lutas.
Também podem ser trabalhados os temas transversais, como:
Ética:
podem ser levantadas discussões sobre temas como: vencer é mais importante que competir? O que significa competir honestamente?
Pluralidade cultural: conhecendo a origem e o histórico das lutas, o aluno realiza uma leitura da realidade de indivíduos em outros contextos, possibilitando uma reflexão sobre as diferenças sociais, culturais, etc.
- Do Pré-escolar à EJA
Toda a atividade física bem-direcionada deve ter seus objetivos determinados adequadamente para cada faixa etária, respeitando os limites que cada um traz na sua bagagem biológica. Mesmo na iniciação, o desenvolvimento psicomotor deve ser trabalhado visando principalmente à saúde, formando uma estrutura sólida, para que, posteriormente, a criança esteja preparada para a prática desportiva especializada e conseqüentemente para a competição.
- Motivação dos alunos: continuidade
As opções mais populares, consideradas por quem não pratica são: treinamento visando defesa pessoal; participação em uma prática de esportiva, visando à promoção da saúde ou ao lazer; e como “filosofia de vida”, mesmo não sabendo bem o que significa isso.
- Relação “prática de lutas” e “violência escolar”
Algumas artes marciais, como o Aikidô, apresentam uma proposta de combate dito “suave”, onde o praticante reduz a agressividade em detrimento do controle e da suavidade dos seus golpes. Também existem os códigos de conduta, com orientações reprimindo os comportamentos violentos e desnecessários.
Existe uma visão de que se o aluno aprender a lutar, irá agredir os professores e os pais, ou promover mais brigas com os colegas. Esse é um preconceito da prática de artes marciais na escola, pois muitos alunos possuem acesso a uma academia ou a um instrutor que lhe ensine, fora da escola, e isso não determina que sejam mais violentos que os outros que não possuem.
Na luta, para os alunos, o outro não é um inimigo; é só um adversário. E a relação não é de agressão, mas de interação. ‘Cria-se uma espécie de diálogo corporal’, os estudantes atacam, defendem-se, caem e, no final, voltam à condição de colegas, sem se sentir desrespeitados. Não é à toa que, na maioria das artes marciais, os embates começam e terminam com um cumprimento.
Mesmo assim, é importante conhecer a formação do profissional de luta, não importando o número de medalhas conquistadas, mas o modo como desenvolve suas aulas. O professor pode desviar a arte marcial do seu objetivo educativo, podendo estimular a agressividade ao invés de canalizá-la.


Complemento (para leitura)

Entrevista:
Situações Pedagógicas e Temas Transversais, interações na escola - projeto.

Projetar é sonhar, garante o educador Nilbo Nogueira. Afinal, tem coisa melhor que planejar e pôr em prática, na sala de aula, atividades de acordo com seus gostos e interesses? Mas não basta sonhar sozinho. Para ele, trabalhar com projetos deve ser uma criação coletiva da coordenação, dos professores e, principalmente, dos alunos.
Entrevista completa em:
http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0084.asp

Acadêmicos: Vinícius Pugliero e Rodrigo Leonel

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