segunda-feira, 6 de abril de 2009

Saúde e Orientação Sexual

Educação Sexual versus
Orientação Sexual

A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação. Segundo explicações do Multirio, Órgão Governamental do Rio de Janeiro, a diferenciação dos termos indica significados diferentes. "Outros autores consideram a orientação sexual derivada do conceito pedagógico de orientação educacional, definido-se como um processo de intervenção sistemática na área da sexualidade, realizada principalmente em escolas, por um educador ou outro profissional capacitado para tal, e aproxima-se do que denominamos como educação sexual formal", define.

De acordo com o Guia de Orientação Sexual, publicação traduzida e adaptada por três ONGs (Organizações Não-Governamentais) a orientação sexual, "quando utilizada na área de educação, deriva do conceito pedagógico de Orientação Educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principalmente em escolas". Pressupõe o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais. "A Orientação Sexual abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero. Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação eficaz e a tomada responsável de decisões", explica o Guia.
Já a Educação Sexual, segundo o Guia, inclui todo o processo informal pelo qual aprendemos sobre a sexualidade ao longo da vida, "seja através da família, da religião, da comunidade, dos livros ou da mídia".

Helena Lima, coordenadora de projetos de orientação sexual de tradicionais escolas paulistanas e atualmente diretora da Unidade Perdizes do Colégio Pentágono, pensa que a temática sexualidade é parte tão integrante da criança como qualquer outra, e merece atenção na proporção em que ela demandar. "As crianças têm estímulos de sobra em relação à sexualidade e a outros aspectos da vida. Assim como se esclarece para a criança que ela deve atravessar a rua olhando para os lados, escovar os dentes, lidar com horários, dinheiro, aprender as cores, é fundamental que ela aprenda a compreender seus sentimentos em geral, inclusive os da sexualidade", pondera. De acordo com a especialista, o desconhecimento, o não dito, também gera fantasias e angústia. "Então, nada de ficar colocando cegonhas e estrelas na pauta, nem ficar forçando a ampliação de temas. O importante é o orientador abrir espaço para dúvidas e responder àquilo que é solicitado. Simples assim", ensina.

Idade ideal para a Orientação Sexual

Para Helena, não existe idade ideal para iniciar o trabalho de orientação sexual. Ela leva em consideração, inclusive, o contexto religioso e o espaço em que esta orientação será dada. Segundo ela, se o espaço for à escola, a orientação deve acontecer desde sempre. "Socialização, classe, professora, coleguinha, recreio, educação física, tudo isso é espaço de intervenção", prega ela. "Em casa, também desde sempre, desde que SOLICITADOS. Nada de parar o dia e dizer: 'vamos falar de sexo'. Ruína na certa, constrangimento, excessos. Em resumo, a idade ideal é aquela que tem demanda. E quanto mais contextualizado, menos holofote no 'sexo', tanto melhor.

O sexo não é uma dimensão à parte da existência, é mais uma, com suas importâncias e dificuldades....", explica a bióloga e psicóloga.

Quem está habilitado a dar Orientação Sexual

De acordo com Helena, o profissional mais indicado para fazer a orientação sexual na escola, é sem dúvida, o psicólogo com sólida formação na área biológica, pelo menos em um primeiro momento. "Mas, por ser um tema complexo e exigir sobretudo confiança, pode ser qualquer profissional (professor, pensando na escola) que tenha preparo teórico e desperte vínculos e confiança em seus alunos", acrescenta.

Já Marcelo Sodelli, mestre em psicologia da educação e diretor clínico do Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia - NETPSI, pensa que, na grande maioria das vezes, o papel de interlocutor recairá realmente sobre o professor, que, nestes casos, carece também de treinamentos e orientação. Ele acredita mesmo que a maior parte dos projetos de prevenção tem mais eficácia quando o professor é envolvido, e que eles, em sua maioria, não se sentem preparados para exercer esta função.Segundo o Guia de Orientação Sexual, o trabalho pode ser realizado por "educador ou outro profissional capacitado para uma ação planejada, sistemática e transformadora, visando a promoção do bem-estar sexual, a partir de valores baseados nos direitos humanos e relacionamentos de igualdade e respeito entre as pessoas".

Orientação Sexual na visão do Multirio

De acordo com o Multirio, órgão carioca, "a abordagem da sexualidade não deve limitar-se ao tratamento de questões biológicas e reprodutoras, muito ao contrário, deve incluir um questionamento mais amplo sobre o sexo, seus valores, seus aspectos preventivos, para o indivíduo como forma de exercício da cidadania".

Eles justificam que a Educação Sexual, como qualquer processo educativo, apresenta efeitos e resultados demorados, muitas vezes só observados após muito tempo e, certamente não tem o poder de transformar todas atitudes e comportamento dos jovens.

"O fundamental é a possibilidade de se desenvolver um trabalho educativo positivo, de valorização humana, mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica adequada, que possibilite ao jovem capacidade de escolha e a eliminação de sentimentos de culpa", explica o Multirio.

Eles alertam, no entanto, para o fato de que, mesmo ressaltando a importância da educação sexual como uma prática educativa de liberdade, esta abordagem nem sempre tem cumprido estes objetivos. "Além de, muitas vezes, limitar-se à veiculação de informações de caráter puramente biológico ou preventivo, no que se refere ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e outros inconvenientes sociais, pode, também, difundir atitudes repressivas moralistas que impliquem num comportamento reprodutivo adequado à política demográfica".

Por isso, o Multirio entende que é conveniente sempre analisar para que e a quem serve a Educação Sexual. "Com todas as evidências a escola não pode fugir ao seu papel de educadora e ignorar a questão sexual, diante da situação criada pelo aparecimento e difusão da AIDS entre os jovens, entre outras questões. A participação dos pais é fundamental no processo de Educação Sexual, pois, incentiva o processo de co-responsabilidade", define o órgão carioca.

A escola, segundo eles, "complementa o que é iniciado no lar, supre lacunas, combates preconceitos e revê conceitos destorcidos. A escola não tem como função dizer o que é "certo" ou "errado", ela deve preparar o jovem para discriminar o que é biológico, o que vem da cultura, da classe social a que pertence levando-o a sua própria verdade. Cabe aos pais se posicionarem claramente sobre o que consideram importante para seus filhos", acreditam.

Essa matéria pode ser acessada no endereço eletrônico:



O desafio da orientação sexual na escola
Saúde & Lazer 30-Jan-2009
A Orientação Sexual (OS), como tema transversal na escola, representa um grande desafio hoje! Isso porque o assunto é permeado por tabus e preconceitos, regido por valores culturais e de ordem pessoal que dificultam a naturalidade da conversa, tanto pela negação da sexualidade como por alguns métodos educativos que induzem a vergonha, a culpa e a ignorância.
As necessidades! A OS se caracteriza por uma intervenção na educação sexual das pessoas. Nesse trabalho, a escola ocupa o papel de orientador dos professores, indiscriminadamente, assume a função de disseminador do conhecimento. Já o professor precisa identificar a cultura sexual e estar preparado para perceber as necessidades dos alunos, fazer o diagnóstico da situação, definir objetivos e traçar uma estratégia metodológica de intervenção para atingir os resultados esperados. A escola representa hoje o principal espaço de sociabilização de crianças e adolescentes. Isto, associado ao tempo cada vez mais reduzido que os pais ficam com seus filhos, faz do núcleo de ensino a mais importante fonte de aprendizagem da convivência em grupo, o que contribui para a saúde e para qualidade de vida de seus alunos.

As Vantagens! A sexualidade é um assunto que interessa ao professor e ao aluno, e há sempre algo novo que pode ser tratado no conteúdo de todas as áreas e disciplinas. Para o adolescente, em alguns momentos, o sexo é algo novo e excitante, outras horas, frustrante e tensa - devido à cobrança social e as dúvidas sobre sua normalidade. Essa instabilidade pode interferi na aprendizagem e no desenvolvimento. A OS tem muito a contribuir nesse ponto, já que pesquisas comprovaram que ela pode diminuir o estresse escolar dos alunos. Por outro lado, os educadores têm aprendido bastante ao conversar sobre o tema. Para muitos deles, ao se prepararem para as aulas, conseguiram desativar alguns entraves pessoais e entender como as atitudes e decisões individuais podem se refletir no meio social.

Experimente! Você pode ter uma agradável surpresa!
* Maria Helena Vilela é diretora do Instituto Kaplan (www.kaplan.org.br)



Questão norteadora 2
Como abordar, na prática, os temas transversais na Educação Física Escolar?
A orientação sexual no âmbito da Educação Física escolar, tem um papel importante na conscientização dos alunos, na busca a respostas de inúmeras dúvidas geradas tanto em uma fase mais adulta da adolescência, quanto na infância! O professor de Educação Física da escola tem esse papel também como educador, de conduzir os alunos e orientá-los nesses temas que são tabu dentro do ambiente escolar, refletindo não somente na escola mas fora dela, a consciência de uma educação sexual segura deve ser levada aos alunos, o professor tem essa responsabilidade.

No artigo acima que exemplifica as conceituações de educação sexual versus orientação sexual discute também qual o profissional que deve trabalhar com essa temática dentro da sala de aula, e direciona o foco principal na interdisciplinaridade para trabalhar esse assunto, o psicólogo de tem a formação adequada, porem é o professor capacitado ou não que discutirá o tema com os alunos, ou seja, o professor é a ferramenta que fomentará as discussões acerca da sexualidade, das questões de gênero, das doenças sexualmente transmissíveis, dos hábitos de higiene, de uma vida saudável e do sexo seguro. É importante ressaltar que o professor de educação física é peça chave nestas temáticas, pois as aulas de educação física tornam o professor mais próximo dos alunos, e é nas suas aulas que essas questões ocorrem com mais naturalidade entre os alunos, pela forma livre e entusiasmante como são conduzidas as aulas de educação física na escola. Talvez seja o professor de educação física, um dos agentes que podem contribuir mais na relação professor-aluno no que diz respeito a educação sexual! Fica claro aqui, que o professor tanto de educação física como no todo, deve ter a preocupação de tornar esses temas transversais fáceis de serem compreendidos pelos alunos, devem se capacitar, utilizar ferramentas midiaticas, informativas, audiovisuais que ajudem na educação e orientação sexual dos alunos, a diversidade de gênero, a questão da homossexualidade, das DSTs, dos hábitos de higiene são importantes temáticas que devem ser incorporadas a educação sexual tanto na infância como na adolescência, nós enquanto acadêmicos de educação física devemos também nos preocupar com essa temática e valorizar dentro de um espaço interativo como este blog todas as questões que abordem esses temas transversais tão discutidas dentro dos PCNs e tão pouco explorados na escola e na universidade!

Nosso primeiro passo em busca da construção desse conhecimento e debate desses temas começa por aqui, no desenvolvimento e criação do Blog "Educação Física: Mídia e Temas Transversais", que serve como uma importante fonte de material didatico-pedagógico para nós acadêmicos de educação física e professores da rede estadual e municipal, demonstrando que na nossa área de atuação essas temáticas tem um importante papel na formação enquanto profissionais de educação física, por isso a valorização da educação sexual deve ser realizada dentro de um ambiente tão rico como é a escola.

Acadêmico: Jessié Martins Gutierres

Tema: Saúde e Orientação Sexual

3 comentários:

  1. Olá,
    O desenvolvimento deste tema está muito próximo do que pretendemos no Blog.
    No entanto, primeiro sempre responder a questão norteadora e depois indicar textos complementares, mas que tenham relação direta com o que foi discutido.
    Abraço,
    Profa. Marli

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Gostei muito!
    Estou no momento desenvolvendo uma monografia para TCC do Curso de Bacharel em Direito sobre um assunto relacionado e achei bastante interessante o modo como foi colocado o texto.
    Obrigado pela boa leitura.

    ResponderExcluir