domingo, 12 de abril de 2009

Meio Ambiente


Em que situações pedagógicas os Temas Transversais potencializam interações criando novos espaços de aprendizagem nas aulas de Educação Física Escolar?


Um espaço para brincar e aprender

O pátio pode ajudar na aprendizagem. Organizado, ele melhora a relação entre os estudantes e diminui a agressividade e a ocorrência de brigas

Luciana Zenti mailto:novaescola@atleitor.com.br


, de Feira de Santana (BA), Porto Alegre e São Paulo

Sala de aula é lugar de aprender. Pátio é lugar só de brincar, certo? Errado. Cada vez mais escolas estão percebendo que esse espaço tem um papel essencial na formação da criançada. Quando não é bem planejado, ele acaba rimando com algazarra e brigas. Mas transformá-lo num ambiente de aprendizagem, capaz de reduzir a agressividade e a indisciplina dentro da classe, é mais fácil do que parece. "O pátio ajuda a criar nos estudantes a sensação de que eles são donos do colégio", diz Paulo Zimbres, arquiteto e consultor do Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola), órgão do Ministério da Educação dedicado a melhorar a infra-estrutura da rede pública de ensino. "Ele abre possibilidades na construção dos saberes e inova o processo de aprendizagem", acrescenta Beatriz Fedrizzi, paisagista formada em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mestrado e doutorado feitos na Suécia.

Especialista nas relações pátio-estudo, ela coordenou, em parceria com a Fundação Gaia (organização não-governamental que trabalha pela preservação do meio ambiente), um projeto de remodelação da Escola Municipal Chapéu do Sol, em Porto Alegre. Quando as instalações foram abertas, em abril de 2000, o cenário era bem pouco animador. A prefeitura ergueu os prédios para atender à população carente que havia sido transferida de uma área de risco para aquela região, recém-urbanizada, na periferia da capital gaúcha. E, numa tentativa de ganhar tempo, as aulas começaram antes mesmo da conclusão das obras. Apesar de o terreno ser enorme (11359 metros quadrados) e ter uma pequena mata nativa num dos cantos (veja o infográfico), não havia árvores nos arredores das salas de aula, que se transformavam em verdadeiros fornos no verão.

Além disso, faltavam brinquedos para as 650 crianças. O recreio, que no início tinha dois horários diferentes por falta de espaço, era sinônimo de brigas e confusões. Só em agosto do ano passado ficaram prontas as duas quadras de esportes e o campo de futebol, todos descobertos. Foi quando Beatriz e a Fundação Gaia entraram em cena. Com a participação efetiva da comunidade, a escola rapidamente mudou da água para o vinho. "Pesquisas mostram que o ambiente influi na auto-estima das crianças", diz a consultora. "Em lugares alegres e bem cuidados, elas se sentem amadas e têm mais disposição para aprender."

Saiba agora como ocorreu a transformação na Chapéu do Sol. Quase tudo foi feito com material doado e o trabalho voluntário de pais e vizinhos, além dos próprios alunos, professores e funcionários. Do caixa da escola não saiu um centavo sequer. O "milagre" pode ser resumido em seis grandes passos.

Conscientização

Sempre há alguém disposto a começar o trabalho. Em Porto Alegre, foi Rosane Salete Ribeiro Pereira, coordenadora cultural e atual vice-diretora. Ela contou com a ajuda das colegas Cláudia Ludcke e Dulce Cornelet dos Santos. Juntas, elas criaram as condições necessárias para envolver a comunidade escolar no processo.

Discussão

Todos devem expor suas idéias. Os gaúchos partiram da seguinte pergunta: "Como eu gostaria que fosse a escola?" É importante não deixar ninguém de fora. "Pais, alunos, funcionários e professores apropriam-se do projeto e têm afeto pelo que foi feito", ensina Beatriz. Algumas técnicas podem ser usadas para estimular o grupo a pensar. Uma delas é a visualização criativa. De olhos fechados, cada um se imagina sobrevoando o ambiente. Onde as crianças vão brincar? Há espaços vazios? O que devemos manter e o que precisa ser jogado fora? Como estará o lugar daqui a cinco anos? Em tiras de papel, escrevem-se algumas idéias iniciais.


Radiografia

Com uma planta bem simples, os estudantes da Chapéu de Sol dividiram a escola em quadrantes e avaliaram o tipo de solo e o relevo do terreno. Em classe, fizeram uma grande tabela com tudo o que viram em cada setor pesquisado. Assim, todos passam a conhecer o local (no caso, uma área enorme) nos mínimos detalhes.

Projeto

O passo seguinte é a planta baixa. Pode-se desenhar numa cartolina ou no chão, com giz. Peça que o grupo faça uma maquete dos prédios usando material reciclável sobre o molde original. Destaque algumas informações climáticas, como de que lado nasce o sol e onde venta mais, por exemplo. Em seguida, parta para a lista de necessidades. Como efetuar cada modificação? É importante montar uma planta final, mesmo que artesanal. O desenho ajuda a lembrar o que falta fazer.

Execução

Comece as mexidas com o material disponível. Na Chapéu de Sol, professores e alunos foram atrás de pneus velhos em borracharias e de mudas de árvores na Secretaria do Meio Ambiente. Num dia pré-determinado, foram plantadas as árvores e as flores, e feitos os canteiros da horta, a sementeira, a espiral de ervas e a composteira. O piso, de cimento, ganhou pintura colorida e, na área de jogos, foi construído um tanque de areia cercado pelos pneus. Os familiares entraram com ferramentas e carrinhos de mão. Atenção: não queira resolver tudo em poucos dias. O projeto da escola porto-alegrense ainda não está concluído. A cada semana, tem uma novidade aqui, outra ali.

Manutenção

A tarefa agora é manter tudo em ordem. Se alguma coisa quebrou, é essencial consertar o mais rapidamente possível. As crianças tenderão a conservar melhor um pátio organizado.

Na maior parte dos casos, a revitalização do pátio começa pela conscientização ambiental, na forma de uma horta. A Escola Estadual Aymar Baptista, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, fez uma parceria com o Centro Universitário Barão de Mauá, que levou um técnico agrícola para passar as primeiras orientações. O lugar era um lixão e a violência rolava solta no colégio. No início, a diretora Vera Lúcia Bernardo convidou a participar os alunos que tinham problemas de relacionamento, mas não demorou para o grupo aumentar. Todas as quartas e sábados, voluntários começaram a se reunir para aprender a cultivar legumes e verduras. Rapidamente, a turma promoveu a limpeza e análise do terreno, a montagem dos canteiros, a adubação.

Hoje as crianças plantam cenoura, alface, rúcula e almeirão e usam a produção para enriquecer a merenda. A idéia deu tão certo que a Aymar Baptista resolveu ampliar a parceria. Coordenados pelo professor Mauricio Estellita, universitários voluntários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Barão de Mauá já estão tocando novas modificações, que incluem a criação áreas arborizadas e outras destinadas a brincadeiras.

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Exclusivo on-line

Mais uma prova de que o lazer e o lúdico não devem ser barrados no portão. Em Feira de Santana, interior da Bahia, pequenas atitudes mudaram não apenas o pátio, mas principalmente o comportamento dos alunos. A engenheira civil Eufrosina de Azevêdo Cerqueira comandou as reformas na Escola Municipal Marília Queiroz Silva, localizada perto do aterro sanitário municipal. O muro foi pintado de branco e do lixão vieram alguns objetos, como troncos de árvores e pneus velhos, reciclados na forma de bancos e brinquedos.

A inauguração do pátio foi um dia inteiro de festa. Em grupos, professores e alunos plantaram mudas de árvores, enquanto artistas locais ajudavam as crianças a fazer os desenhos que ilustram as paredes. No refeitório, a turma fez um colorido mural. Em pouco tempo, o cinza dos prédios deu lugar a muitas cores e o pátio tornou-se, de fato, um espaço para brincar e aprender.

Sala de aula ao ar livre

Confira alguns exemplos de como cada disciplina pode usar o pátio

Educação Física: Jogos, ginástica e esportes promovem a saúde e o desenvolvimento das habilidades motoras.

Língua Portuguesa: Histórias podem ser lidas debaixo de árvores ou em um "canto de leitura". Ao ar livre fica mais fácil promover debates e encontrar inspiração para escrever.

Matemática: Na horta, que tal anotar o número de sementes plantadas e conferir quantas de fato germinaram para ensinar porcentagem? O chão pode ser usado para desenhar figuras geométricas e os muros e cercas, para estudar área e medidas.

Ciências Naturais: É possível falar sobre o globo terrestre, o clima, as ciências físicas e biológicas. Um relógio de sol ensina o conceito de tempo e as estações do ano.

Geografia: A confecção de mapas e plantas baixas e a observação do sol ajudam os alunos a ter noções de espaço.

História: Uma maneira de estudar a disciplina é questionar a turma sobre o que pode ter acontecido na área no passado. Aproveite também para organizar apresentações e eventos.

Artes: Folhas, galhos de árvores e terra podem ser facilmente usados como material artístico. Incentive a criação de desenhos em superfícies lisas usando giz ou tinta.

Língua Estrangeira: Explore o vocabulário do pátio caminhando ao ar livre. Basta treinar conversação e ensinar os nomes dos objetos, seja em inglês, francês, espanhol, alemão...

Quer saber mais?

Escola Estadual Professor Doutor Aymar Baptista Prado, R. Min. Victor Nunes Leal, 200, CEP 14051-370, Ribeirão Preto, SP, tel. (16) 633-4911


Escola Municipal Chapéu do Sol, Estr. Juca Baptista, s/nº, CEP 91755-000, Porto Alegre, RS, tel. (51) 3245-6401

Escola Municipal Marília Queiroz Silva, Rua Tefé s/nº, CEP 44017-630, Feira de Santana, BA, tel. (75) 223-6192


BIBLIOGRAFIA
Paisagismo no Pátio Escolar
, Beatriz Fedrizzi, Ed. da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 60 págs., tel. (51) 3224-8821, 22 reais

http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/espaco-brincar-aprender-426897.shtml

Com essa reportagem da Revista Nova Escola, podemos observar que os professores, alunos e pais podem construir uma melhor qualidade de vida, não poluindo o meio ambiente com os agrotóxicos e outros tipos de venenos. Nas aulas de Educação Física é uma atividade feita ao ar livre onde os professores podem ensinar os alunos a terem uma boa alimentação.


Mariane Ferreira e Richard Hepp


3 comentários:

  1. Olá! adorei a reportagem.. acredito que o pátio, quando organizado para tal, realmente é um ambiente propício a ensino-aprendizagem escolar, principalmente na disciplina de educação física, o que contribui enfaticamente para a conscientização dos alunos na relação homem/meio ambiente!!!

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  2. Ola tudo bem . gostaria que me ajudacem , eu sou Rafael de Oliveira Penteado estou cursando o 3 semestre de ed.fisica e estou fazendo um trabalho sobre as brigas que acontecem na escola tanto entre eles como alunos e professores, e gostaria que me respondese uma pergunta. O que a ed.Física poderia ajudar a diminuir as brigas na escola . Gostei do projeto mas sera que isto funcionaria com alunos do 3ºano do ensino medio? tenho e-mail se alguem quiser se comunicar - rafael_gardenal_@hotmail.com . ate mais .

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  3. oi pessoal estou no estagio do 5 período do curso de ed.física meu tema é educação física e meio ambiente preciso de atividades para aplicar esse tema se alguem puder me ajudar agradeço.meu imail é; giarolo@hotmail.com

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