domingo, 5 de abril de 2009

Meio Ambiente



O Meio Ambiente é um dos temas transversais abordados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Através do tema Meio Ambiente, o aluno deverá compreender as noções básicas sobre o assunto, perceber relações que condicionam a vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar métodos de manejo e conservação ambiental.
Mas como não ficar apenas na teoria? Como trabalhar, de forma prática, essa temática na Educação Física Escolar?
A reportagem a seguir, retirada da Revista Nova Escola, traz uma maneira diferente de integrar Educação Física e Meio Ambiente.

Esta aula é o máximo!
Praticar surfe, arborismo e skate, entre outras atividades ao ar livre, promove o condicionamento físico e ajuda no desenvolvimento motor. Vários professores já estão fazendo isso a partir da 1ª série e com ótimos resultados.
É um barato! Professores que gostam de esportes de aventura praticados em contato direto com a natureza e que geralmente desafiam a coragem estão incluindo essas modalidades no planejamento anual para despertar nos alunos o prazer de se movimentar e para que eles conheçam os próprios limites físicos e psicológicos. A grande "loucura" é que essas atividades quebram a rotina, ensinam a garotada a encarar desafios e mostram a importância do bom condicionamento físico. "É uma tendência que vai crescer nos próximos anos", aposta Flávio Antônio Ascânio, coordenador do curso de pós-graduação em surfe e outros esportes praticados com prancha na Universidade Monte Serrat, em Santos, litoral de São Paulo.Num país como o nosso, com uma variedade enorme de paisagens, o que não faltam são cenários para bolar aulas diferentes. "Praia, montanha, cachoeiras, trilhas e até obstáculos urbanos, tudo favorece", acrescenta Ricardo Ricci Uvinha, professor do curso de Lazer e Turismo da Universidade de São Paulo e autor de um estudo sobre a prática de esportes radicais nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental. Para ele, o desenvolvimento desse tipo de tarefa no ambiente escolar, nem que seja uma vez por ano, amplia o repertório de movimentos da garotada e as possibilidades de treino esportivo. Os esportes de aventura são classificados de acordo com o ambiente onde são praticados: terrestres (skate e trekking), aéreos (bungee jump e tirolesa) e aquáticos (surfe, mergulho etc.). A maioria pode ser considerada uma brincadeira, pois depende mais da disposição do praticante do que de regras fixas. Todos, porém, oferecem algum tipo de risco e, portanto, exigem cuidados redobrados com a segurança - ainda mais com crianças e jovens. Mas a adrenalina gerada nesse processo faz toda a diferença. Para Margareth Anderáos, membro do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo, a popularização dessas práticas aumenta o interesse pela disciplina: "É um tipo de aula à qual dificilmente o aluno falta". Conheça a seguir, três experiências bem-sucedidas de como integrar essa curtição.
Praticar esportes de aventura...

Desenvolve o senso de responsabilidade.
Estimula o espírito de equipe.
Aprimora capacidades motoras.
Facilita o autoconhecimento corporal.

Antes da aventura
É papel do professor reconhecer o local para o qual vai levar o grupo.
Cheque a qualidade do material utilizado e a idoneidade da empresa prestadora do serviço.
Peça autorização dos pais ou responsáveis.
Providencie autorização para entrada em reservas ecológicas.
Leve material de primeiros socorros.

No passeio
Roupas leves, de preferência sintéticas (de neoprene ou lycra no caso do surfe).
Capacete.
Tênis confortável.
Boné ou chapéu.
Protetor solar e repelente contra insetos.
Câmera fotográfica para registrar as emoções dessa aula tão especial.

Surfe - O mar vira quadro-negro

No começo do ano, Margareth Pinto e Renata Portela, da Unidade Mista de Educação Magali Alonso, em Santos, fizeram um levantamento para saber qual o esporte mais popular entre suas turmas de 1ª série. Deu surfe na cabeça. "Mas a maioria nunca tinha visto uma prancha de perto, por morar em bairro cujo acesso à orla é difícil e também pelo preço do equipamento", conta Margareth. A primeira manobra da dupla foi procurar orientação de quem já tem muitos anos de praia. Em Santos, a Secretaria Municipal de Educação mantém uma escola de surfe, dirigida por Francisco Araña, professor da Faculdade de Educação Física e Esporte da Universidade Santa Cecília. "Temos um horário só para conversar com os professores das escolas regulares e repassar princípios básicos do esporte", explica Cisco, como é mais conhecido. "Afinal, só eles sabem associar essa atividade ao planejamento anual."
De volta à escola, Margareth e Renata avisaram à garotada que todos iam cair no mar dali a dois meses. "Levamos para a classe revistas e jornais sobre o tema e convidamos profissionais para contar histórias e mostrar fotos e vídeos à garotada", diz Renata. Na quadra, a bola e a ginástica passaram a dividir espaço com a simulação de movimentos sobre pranchas desenhadas com giz no chão e com treinos de braçadas. "Ninguém queria perder um só detalhe. Gírias como aloha (boa sorte), prego (quem não sabe surfar) e vala (onda boa) passaram a fazer parte do vocabulário dos pequenos e foram listadas nas aulas de Língua Portuguesa", lembra Margareth. Os alunos visitaram uma fábrica para saber como eram feitas as pranchas, depois desenhadas e reproduzidas com massinha nas aulas de Artes. O grupo foi até a praia num ônibus da prefeitura e lá ficou aos cuidados de Cisco e seus assistentes — o passeio, é claro, foi autorizado pelos pais. Para começar, a troca do uniforme por uma roupa de neoprene — própria para esportes aquáticos — e uma sessão de alongamento para evitar cãibras. Ainda na areia, todos subiram na prancha e fizeram movimentos com os joelhos e braços para trabalhar equilíbrio. Por fim, o mar. Os objetivos são manter-se em pé e descobrir como "furar" as ondas corretamente. "É necessário um pouquinho de força, explosão e flexibilidade", ensina Cisco. No final, os pequenos surfistas imitam bastante bem as posições dos profissionais. Do ponto de vista físico, eles trabalham a flexibilidade corporal, aprendem a desenvolver noções de equilíbrio e treinam de forma natural a respiração necessária para a prática de esportes náuticos.
Surfe

Praticado em pé, com prancha, sobre ondas. Se o atleta fica deitado em prancha pequena, chama-se bodyboarding.
Equipamento de segurança: roupas de neoprene ou lycra e protetor solar
Idade: a partir de 6 anos.

Arborismo - Emoção sobre as árvores

Desde os anos 1980, a cidade de Brotas, no interior de São Paulo, é considerada a capital brasileira dos esportes de aventura. Isso fez com que pelo menos três escolas da rede municipal mudassem suas aulas de Educação Física. "Infelizmente, as atividades são caras e muitos de nossos alunos não podem praticar as atrações oferecidas", lamenta Rosângela Veronese, diretora da EM Álvaro Callado. Ao refletir sobre isso, o professor Marcelo Arruda bolou, com apoio da supervisão pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, algumas aulas de arborismo para as turmas de 5ª série junto à natureza. "Aos 11 anos, a garotada está mais do que preparada para enfrentar os desafios do ecoturismo", explica ele. Nas duas aulas de 50 minutos que a garotada tem por semana, o professor intensifica o trabalho de fortalecimento de pernas e condicionamento cardiorrespiratório. Em parceria com Rodrigo Saldanha, proprietário de uma reserva ecológica de 22 hectares localizada a 25 quilômetros da escola, e Roberto Buzaranha, guarda municipal e guia de turismo local, Marcelo já levou dois grupos de 40 alunos para passar uma manhã se exercitando e se aventurando ao ar livre. Depois do alongamento, todos aprendem a medir a pulsação, tomando quatro tempos de 15 segundos e anotando a média num papel. A caminhada de 1 quilômetro leva a uma cachoeira e o percurso é cheio de obstáculos. O esforço vale a pena, tamanha a beleza do cenário que as crianças encontram ao final da trilha. "É fantástico", comenta Daniela Ferraz, 11 anos. Mais uma vez, todos tiram a pulsação para comparar os dados iniciais e ter idéia do esforço até então. "Agora chegou a hora mais emocionante", anuncia o guia Buzaranha.
Munido de cordas e capacetes, o grupo sobe uma escada para chegar ao alto de uma árvore, onde há uma plataforma. Ali começa a travessia: presos a um cabo de aço, os alunos atravessam 12 obstáculos com movimentos que exigem força nos braços e coordenação motora. São 700 metros sobre as copas, a uma altura de mais ou menos 6 metros. "Eles trabalham equilíbrio, resistência física, controle da ansiedade e do medo e descobrem que são capazes de vencer desafios", diz Marcelo, que conduz pela mão uma estudante com paralisia parcial no lado esquerdo do corpo. Por fim, chega a etapa mais radical: descer a tirolesa, um cabo de 700 metros esticado do ponto mais alto da reserva ecológica até o chão e esta, em particular, passa por cima de uma cachoeira! A aula dura aproximadamente quatro horas. No final, todos estão exaustos e satisfeitos. "Aqui a gente faz exercícios sem perceber", atestam as alunas Thais Gorri e Franciele Bezerra, 11 anos.

Arborismo

Circuito de obstáculos montado sobre cabos e cordas, interligando copas de árvores. A travessia aérea entre dois pontos distantes, por meio de um cabo de aço, é chamada de tirolesa.
Equipamento de segurança: cinto de segurança, mosquetão (gancho para prender nos cabos), capacete e tênis confortável.
Idade: a partir de 11 anos (6 anos para a tirolesa).

Skate - Uma quadra e muita ousadia

Esporte de aventura do tipo terrestre, o skate é bem popular entre a garotada. Não é à toa que, vez ou outra, um aluno traz para a escola a pequena prancha com rodas e faz manobras radicais na hora do intervalo. A Coordenadoria de Juventude da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo e a Secretaria de Educação da capital, de olho nessa movimentação, fizeram parceria com as organizações não-governamentais Ativação e Aprendiz e desenvolveram projetos para ensinar o esporte em classe. Desde novembro do ano passado, 21 escolas públicas municipais e estaduais de dez cidades paulistas oferecem oficinas de skate a cerca de 6 mil meninos e meninas a partir da 1ª série. Na EMEF Célia Regina, na capital, os estudantes são levados duas vezes por semana, no contraturno, para o Clube de Regatas Tietê. "Em dois meses, eles aprendem 20 tipos de manobras", afirma Thais Mori de Souza, coordenadora dos projetos. Em pouco menos de um ano, ela reuniu 60 jovens praticantes de skate em todo o estado e capacitou-os a se tornarem monitores dos estudantes nos clubes. Para Joelma Aparecida Gomes da Silva, professora de 1ª série e responsável pela ação na Célia Regina, a oportunidade de fazer uma aula nova, mas com atividade conhecida, faz com que todos sintam confiança no aprendizado. Giovanna Elídia, 9 anos, já faz manobras difíceis como o ollie, o high jump, o rock slide e o famoso flip (pulo enquanto o skate gira 360 graus sob os pés). Do ponto de vista do desenvolvimento fisiológico, a atividade é ótima para fortalecer pernas e desenvolver a percepção sinestésica. Vitor César Simão, autor de uma proposta metodológica para iniciação à prática, defendida como trabalho de conclusão no curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, acredita que o uso desse esporte só vai aumentar. "O professor que ficar atento a esse sinal das ruas vai chegar longe."

Skate

Praticado em pé utilizando uma tábua de madeira com rodas em pistas próprias ou espaços públicos Equipamento de segurança: capacete, joelheira e cotoveleira. Idade: a partir de 7 anos.


Quer saber mais?

CONTATOS:
Escola de Surf Radical, Praia José Menino, Posto 2, 11065-200, Santos, SP, tel. (13) 3251-9838 EM Álvaro Callado, Pça. Duque de Caxias, 20, 17380-000, Brotas, SP, tel. (14) 3653-5781 EMEF Célia Regina, R. Guiseppe Marino, 100, 02181-190, São Paulo, tel. (11) 6955-6434 Centro Universitário Monte Serrat, Av. Senador Feijó, 423, 11015-505, Santos, SP, tel. (13) 3235.6510, mailto:secretaria.pos@unimonte.br%20 Unidade Mista de Educação Magali Alonso, R. São João, s/nº, 11082-160, Santos, SP, tel. (13) 3223-132 USP Campus Zona Leste, Av. Arlindo Bettio, 1000, 03828-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3091-1029, mailto:uspleste@usp.br%20
BIBLIOGRAFIA:
Educação Física Escolar: Desafios e Propostas, Evandro Carlos Moreira, 183 págs., Ed. Fontoura, tel. (11) 4587-9611, 30 reais
Turismo de Aventura: Reflexões e Tendências, Ricardo Uvinha (org.), 300 págs., Ed. Aleph, tel. (11) 3743-3202, 49,50 reais

A reportagem está centrada no desenvolvimento motor e na capacidade física dos alunos através da prática de atividades diversificadas, que fogem do tradicional das aulas de Educação Física.
O Meio Ambiente não é trabalhado na matéria, mas poderia ser facilmente abordado pelos professores nas aulas relatadas. O surfe e o arborismo são atividades realizadas na natureza. Durante as atividades, algumas noções de conservação ambiental poderiam ser exploradas, como por exemplo, a importância em não poluir e desmatar. O professor pode usar uma situação real para despertar a consciência ambiental desde cedo nas crianças, utilizando o lixo jogado nas praias, ruas e matas para mostrar os prejuízos que o desrespeito com a natureza pode nos trazer.
Os esportes citados na reportagem não são acessíveis a todos, pois são caros e necessitam de lugares específicos. Como alternativa, podem ser feitas caminhadas fora da escola, explorando os bairros onde estão localizadas.
Cabe ao professor, independentemente do lugar onde esteja localizada a escola, refletir sobre sua prática e desenvolver formas alternativas para desenvolver a consciência crítica de seus alunos.


Acadêmicos: Mariane Ferreira e Richard Hepp

2 comentários:

  1. Bom dia! Ótima explanação. O meio ambiente deve ser utilizado pelos professores de educação física como um poderoso instrumento de ensino-aprendizagem em suas aulas. As atividades físicas em meio a natureza, permitem que os alunos conscientizem-se e tornem-se críticos de maneira atrativa. Lições ecologicamente corretas que são vivenciadas, acompanharam os estudantes-cidadãos para o resto de suas vidas.

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  2. ajude a natureza enquanto é tempo

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