quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ética nas Aulas de Educação Física
Este texto foi selecionado por apontar caminhos que podem ser seguidos em relação ao Tema Transversal Ética nas Aulas de Educação Física. O texto sofreu adaptações, nossa intenção foi retirar apenas seus elementos centrais, os quais podem auxiliar os professores na sua prática cotidiana. Trata-se de um trabalho que foi desenvolvido no ano de 2008 como proposta do departamento de Educação Física do Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, para vivenciar o tema transversal ética.


> Na introdução do tema transversal: Ética, há explícito que nos costumes, manifesta-se um aspecto fundamental da existência humana: a criação de valores. Os diversos grupos e sociedades criam formas peculiares de viver e elaboram princípios e regras que regulam seu comportamento. Esses princípios e regras específicos, em seu conjunto, indicam direitos, obrigações e deveres. Pela criação cultural, instala-se a referência não apenas ao que é, mas ao que deve ser. O que se deve fazer se traduz numa série de prescrições que as sociedades criam para orientar a conduta dos indivíduos. A palavra Ética representa algo que tem inúmeras significações. É um vocábulo que permite ser interpretado de acordo com a cultura da região na qual é invocada.
Na justificativa de legitimar a Educação Física, observamos o alcance da especificidade que a ela é dada considerando-se que é finalidade da Educação Física na escola, integrar e introduzir os alunos no mundo da cultura física, formando o cidadão ético que vai usufruir partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física (o jogo, o esporte, a dança, a ginástica).
Nós podemos citar a organização das ações da Educação Física com fundamentação teórica, planejamento adequado, conteúdos sistematizados e metodologias participantes. Nesse sentido, estamos trabalhando a Educação Física numa perspectiva de transformação, rompendo com os padrões impostos pela classe dominante do esporte de rendimento. Pois este reflete os ideais do liberalismo econômico instalado em nossa sociedade onde alguém tem que perder para que outro possa ganhar.
Diante do exposto podemos compreender o nosso compromisso como educadores desde já. A partir de então, começamos a desenvolver um trabalho na condição de professor de Educação Física, com várias tentativas de legitimação da Educação Física com a temática ética, buscando a superação, primeiramente, da concepção de Educação Física que alguns professores têm, de uma disciplina responsável apenas de cuidar do corpo ou de recrear os alunos para passar o tempo, onde o lugar do raciocínio e do pensamento é o espaço dentro da sala de aula. Desta forma estamos procurando conscientizar e refletir sobre a importância da ética nas aulas de Educação Física e não como um tema a parte.
Procuramos vivenciar uma proposta concreta e realizável. Em um primeiro momento os alunos foram conhecer o que é a ética através do conteúdo trabalhado no primeiro trimestre, onde conhecemos a história do futebol e como os princípios éticos se distanciaram na sua prática. Pois no início não existia a figura de um árbitro e como ele surgiu através da necessidade de controlar as jogadas violentas. Para isso assistimos a um filme: “A história do futebol – Um jogo mágico”. Depois utilizamos a música: “É uma partida de futebol” para discutirmos a temática ética a partir da letra da música: “Posso morrer pelo meu time / Se ele perder, que dor, imenso crime/ Posso chorar se ele não ganhar/ Mas se ele ganha, não adianta/ Não há garganta que não pare de berrar”.
Analisamos que desporto é um produto da sociedade, mas tem alguma autonomia dela. Esta autonomia dá ao desporto a possibilidade de ser visto como ator que influencia a sociedade. Na sociedade capitalista moderna, o desporto tem de ser visto essencialmente em termos econômicos, é um importante artigo de consumo.
Há, portanto, um grande poder do mito. Ele atua sobre a imaginação das pessoas, cria um sentimento transcendente de unidade entre o ser e o universo, semelhante ao efeito da poesia. O mito tem a capacidade de fazer o indivíduo esquecer a realidade social em que vive e passar a viver num mundo em que se sente. O desporto é uma agência social e econômica extremamente poderosa devido à sua qualidade mitológica. O mito tem a capacidade ideológica de apoiar a ordem social, econômica e estrutura de poder vigente, escondendo as contradições e divisões da realidade social.
Diante disto somos cobrados a todo o momento a realizar a inclusão dos alunos neste processo, na visão de que a sociedade é que deve facilitar a inclusão dos excluídos e a outra visão é que os excluídos que devem promover a própria inclusão por competências individuais e se não conseguem são culpados pelo fracasso por não terem se esforçado o bastante, mas vimos que não existem excluídos deste processo, pois todos nós fazemos parte dele, o que existe é que alguns são mais favorecidos que outros.
Logo depois discutimos os preconceitos existentes que afastam a ética do futebol. Discutimos também sobre a violência no futebol sendo analisada a partir dos hinos dos clubes e para isso os alunos confeccionaram cartazes. No processo pedagógico das vivências os alunos construíram e vivenciaram o futebol e futsal, o voleibol, o tênis, atividades de consciência corporal, a transformação e utilização de materiais alternativos. Nesta fase das vivências puderam vivenciar os elementos históricos de cada atividade planejada, compreendendo, analisando, repensando, criando e recriando novas formas de manifestações corporais atuais. Puderam também construir novos materiais para a realização das práticas corporais. Tudo isso fazendo parte dos conteúdos específicos e planejados da Educação Física. E com isso não havendo a exclusão, garantindo acesso de todos os alunos as atividades planejadas anteriormente, incluindo homens e mulheres nas aulas, pois as aulas promovem um espaço de superação, confronto de diferenças e rupturas de padrões preestabelecidos.
Desta forma os alunos podem vivenciar atividades para portadores de necessidades especiais como o futsal sentado, voleibol sentado, futsal em duplas com os olhos vendados. No sentido de percebermos a importância da ética nos diversos jogos e com possibilidades de vivenciarmos as dificuldades dos portadores de necessidades especiais, desenvolvendo assim, com essas atividades o espírito de solidariedade, companheirismo, amizade, respeito às diferenças e limitações de cada ser humano. No que diz respeito sobre as regras dos diversos jogos, podemos vivenciá-las, compreendê-las como importantes na realização dos esportes. Mas também os alunos foram incentivados a criarem novas regras, sendo assim, construtores de espaços éticos e de respeito mútuo.
Além disso, não trabalhamos apenas com um tipo de conteúdo. Proporcionamos vivências em todos os elementos da cultura corporal. Percebemos a importância da aprendizagem de conteúdos diversos e significativos para a aprendizagem da ética.

>http://www.efdeportes.com/efd132/a-etica-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm

Acadêmicos: Luciano Antonelli Becker e Luiz Fernando Zanoello.

Um comentário:

  1. Bom Dia,
    Dia 21 de agosto de 2009, durante todo dia, acontecerá em Porto Alegre o III Seminário de Ética, promovido pela comissão de Ética do Conselho Regional de Educação Física. O tema deste ano será: A importância da ética/bioética na formação profissional em Educação Física. O local do evento, bem como os palestrantes, ainda não estão confirmados. Divulguem e participem. Informações no site do CREF2-RS, ou com a profª Marli, do CEFD/UFSM. Att, Profa. Marli Hatje Hammes

    ResponderExcluir